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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A BÍBLIA É PARA TODOS

A CLAREZA DA ESCRITURA


           A Bíblia muitas vezes fala de sua clareza e da responsabilidade dos crentes de lê-la e de entendê-la. Em uma passagem muito conhecida, Moisés diz ao povo de Israel: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” (Dt 6.6,7). Esperava-se que todas as pessoas de Israel fossem capazes de entender as palavras da Escritura o suficiente para conseguir ensiná-las a seus filhos. Esse ensino não consistiria meramente em memorização mecânica esvaziada de entendimento, porque o povo de Israel deveria discutir as palavras da Escritura durante suas atividades, quando estivesse assentado em suas casas, ou ao se deitar ou ao se levantar pela manhã. Deus esperava que todos dentre o seu povo conhecessem e fossem capazes de falar a respeito de sua Palavra com a devida aplicação às situações comuns da vida.
           É dito que o caráter da Escritura é de tal modo que mesmo “os inexperientes” podem compreendê-la corretamente, tornando-se sábios. “Os testemunhos do SENHOR são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes” (Sl 19.7). Em outro lugar lemos que “a explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos inexperientes” (Sl 119.130).      
       Aqui, a pessoa “inexperiente” não é meramente a que carece de capacidade intelectual, mas a que carece de julgamento sadio, que é propensa a cometer erros e que é facilmente induzida ao erro. A Palavra de Deus é inteligível, tão clara que torna sábia até mesmo essa espécie de pessoa. Isso deve servir de grande encorajamento a todos os crentes. Nenhum crente deve pensar de si mesmo como se fosse incapaz de ler a Escritura e de entendê-la suficientemente para se tornar sábio por meio dela.
         Há uma ênfase semelhante no NT. O próprio Jesus, em seus ensinos, suas conversas e discussões, nunca responde a quaisquer perguntas com o intento de acusar as Escrituras do AT de não serem claras. Ao contrário, estivesse ele falando a estudiosos ou a pessoas comuns sem preparo, suas respostas sempre presumem que a acusação de entendimento errôneo de qualquer ensino da Escritura não deve ser colocada sobre a Escritura, mas sobre os que a entendem erroneamente ou que se recusam a aceitar o que está escrito. Repetidamente ele responde a perguntas com afirmações semelhantes a estas: “Vocês não leram...”(Mt 12.3,5; 19.14; 22.31),”Vocês nunca le­ram isto nas Escrituras?” (Mt 2 1.42), ou mesmo: “Vocês estão enganados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” (Mt 22.29; v. tb. Mt 9.13; 12.7; 15.3; 21.13; Jo 3.10).
           Para que não pensemos que o entendimento da Bíblia era de certo modo mais fácil para os cristãos do primeiro século que para nós, é importante percebermos que em muitos exemplos as cartas do NT foram escritas a igrejas que tinham grandes percentuais de cristãos gentílicos. Eles eram cristãos relativamente novos que não tinham nenhum conhecimento prévio de qualquer espécie de sociedade cristã, e que tinham pouco ou nenhum entendimento anterior da história e da cultura de Israel. Os eventos da vida de Abraão (c. 2000 a.C.) estavam no passado tão distante deles como os eventos do NT estão de nós! Não obstante, os autores do NT não mostraram qualquer hesitação, esperando que mesmo esses cristãos gentios fossem capazes de ler uma tradução do AT em sua língua e de entendê-la corretamente (v.Rm 4.1-25; 15.4; lCo 10.1-11; 2Tm 3.16,17 ).


 A NECESSIDADE DA ESCRITURA

           A necessidade da Escritura pode ser definida do seguinte modo: A necessidade da Escritura significa que a Bíblia é necessária para o conhecimento do evangelho, para a manutenção da vida espiritual e para certo conhecimento da vontade de Deus, mas não é necessária para saber que Deus existe ou para saber algo a respeito do caráter de Deus e das leis morais.

 A SUFICIÊNCIA DA ESCRITURA

          Podemos definir a suficiência da Escritura da seguinte maneira: A suficiência da Escritura significa que a Escritura continha todas as palavras de Deus que ele pretendeu que seu povo tivesse em cada estágio da história redentora, e que agora ela contém tudo o que precisamos que Deus nos diga para nossa salvação, para confiarmos nele perfeitamente e para que lhe obedeçamos perfeitamente. 
        Essa definição enfatiza o fato de que é na somente Escritura que devemos procurar as palavras de Deus para nós. Ela também nos lembra que Deus considera o que nos tem dito na Bíblia como suficiente para nós e que devemos nos regozijar na grande revelação que ele nos deu, ficando contentes com ela. 
         A explicação e o apoio bíblico significativos para essa doutrina são encontrados nas palavras de Paulo a Timóteo: “Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).O contexto mostra que “as Sagradas Letras” aqui significam as palavras escritas na Escritura (2Tm 3.16). Isso é a indicação de que as palavras de Deus que temos na Escritura são todas as palavras de Deus de que precisamos a fim de que sejamos salvos; essas palavras são capazes de nos tornar sábios “para a salvação”. 
       Outras passagens indicam que a Bíblia é suficiente para equipar-nos para viver a vida cristã. Em Salmos 119.1 afirma-se: “Como são felizes os que andam em caminhos irrepreensíveis, que vivem conforme a lei do SENHOR!”. Esse versículo mostra a equivalência entre ser irrepreensível e “viver conforme a lei do SENHOR”; os irrepreensíveis são os que andam na lei do Senhor. Aqui temos a indicação de que tudo o que Deus requer de nós está registrado na Palavra escrita. Simplesmente fazer tudo o que a Bíblia ordena é ser irrepreensível à vista de Deus. Mais tarde lemos que um jovem pode “manter pura a sua conduta”. Como? “Vivendo de acordo com a tua palavra” (Sl 119.9). Paulo diz que Deus deu a Escritura a fim de que o homem de Deus fosse “plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3.17).


CONCLUSÃO:
   
      É razoável concluir que Deus inspiraria seus servos para que registrassem verdades que não poderiam ser descortinadas pela razão humana. Finalmente, é razoável crer que Deus tivesse preservado, por sua providência, os manuscrito das escrituras bíblicas e que tivesse influenciado sua igreja a incluir no cânon sagrado somente os livros que fossem divinamente inspirados.